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Arquitetos: LADO Arquitectura e Design
- Área: 600 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Francisco Nogueira
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Fabricantes: BRUMA, Duravit, Fassa Bortolo, Fermob, Hatco, Viúva Lamego
Descrição enviada pela equipe de projeto. ZeroZero é um restaurante italiano, situado no coração do Parque das Nações, em Lisboa, com uma privilegiada posição frente ao rio Tejo. É o segundo espaço da insígnia ZeroZero, surgindo após o sucesso do primeiro restaurante, no bairro do Príncipe Real, também em Lisboa. Ocupando aproximadamente 600m², o espaço de planta rectangular apresenta fachadas com grandes envidraçados – a Nascente e a Poente - permitindo uma óptima relação visual com o exterior. Do lado Nascente, e com o Tejo como pano de fundo, surge uma esplanada, ocupando uma área de 320m2.
O briefing inicial procurou uma citação, no essencial, do vocabulário arquitectónico do primeiro restaurante. Com a consciência, de que, tratando-se de um espaço de escala, configuração e natureza construtiva tão distinta, a recriação do ambiente confortável e intimista deste não poderia assentar na transposição literal das soluções antes usadas.
Limpar o existente das suas anteriores utilizações, permitiu descobrir que o espaço dispunha em parte de um imponente pé-direito duplo, com entradas de luz superiores. Permitiu também revelar a robusta estrutura de betão armado do edifício, com uma clara modelação de pilares. O pé-direito duplo assume-se como um espaço central do projecto, com grande protagonismo dos dois imponentes fornos a lenha para cozedura das pizzas, preparadas no local e à vista dos clientes. De cima, as entradas de luz natural são filtradas por um ripado de madeira vertical, e o jogo de sombras por este criado, conferem um carácter cénico a este momento do espaço. Em redor, onde o pé direito baixa drasticamente, estão dispostas a grande maioria das mesas, bem como o bar, a cozinha central, a produção da massa de pizza, e a garrafeira.
No lado oposto aos fornos, a cozinha totalmente aberta, permite acompanhar a preparação de todos os restantes pratos da carta. No que se refere a materialidade, o projeto procura, através de soluções simples e de alguma crueza, combinar um sentido de conforto, com um design contemporâneo e marcadamente urbano. A estrutura de betão é deixada exposta, e enfatizada pelo acabamento das paredes, tectos e pavimentos, em cimento. A instalação eléctrica aparente, bem como as grandes condutas de ar condicionado expostas, em aço inox, aportam um carácter industrial ao espaço. Por outro lado, os elementos de mobiliário e mobiliário fixo em madeira, vêm materializar com a sua organicidade o conforto desejado, em forte contraste com o ambiente mais frio e neutro conferido pelo cimento aplicado nas superfícies de fundo - pavimento, paredes e tecto.
O balcão do bar de cocktails é construído a partir de madeira proveniente de demolições, tal como a grande banqueta central que organiza a zona de mesas principal. Também as cadeiras e bancos, em madeira maciça de nogueira, as almofadas de linho das banquetas, e a madeira empilhada nas estantes que ladeiam os fornos de pizza vêm contribuir para este equilíbrio. Destaque para os tampos das mesas e dos balcões de confecção, feitos de Brecha Arrábida, uma espécie de pedra calcária multicolor extraída ao sul de Lisboa. Uma iluminação meticulosa e rigorosa, que combina delicados candeeiros em cobre sobre as mesas, e uma iluminação técnica em segundo plano, vem reforçar o ambiente de conforto, e trazer uma intenção cénica que permite enaltecer e destacar os elementos principais do espaço.
No exterior, uma pérgula de estrutura de tubular metálico e sombreamento de vime, sobre uma plataforma em deck de madeira, constituem a zona de esplanada. Uma frente de canteiros densamente ajardinados procura quebrar a aridez da praça envolvente, enquanto a luz que filtra através do vime, ou à noite a iluminação suave sobre as mesas, criam um ambiente convidativo que funciona como uma perfeita extensão do interior para o exterior do restaurante.